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"UM SER EM CONSTRUÇÃO"

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Sao Paulo, Brazil
Sou aquela que voa nas asas da borboleta Mas que também arde nas lavas de um vulcão Sou a suave brisa que acaricia seu rosto Mas também sou o vendaval que te arrasta Sou água que flui em rio caudaloso Sou fogo que arde de paixão Sou terra em que piso com passo forte Sou ar que em delírios se desprende do chão Sou fênix e das cinzas renasço Reconstruo a mim mesma, passo a passo Sou uma e em várias me reparto Em meus labirintos me perco para me reencontrar Junto meus pedaços e me reivento Me refaço de minha própria essência com gratidão e sem lamento e busco a cada dia ser mais inteira.

sábado, 23 de julho de 2011

 A HORA DA PARTIDA

Pode ser que na hora H eu desista
mas meus olhos me esconderão a verdade
O rosto coberto por fino tecido
como fina a tecitura de uma vida
Se meus olhos vislumbrassem o que estou a cometer
minha coragem se faria fraca
e meu arrependimento eterno
A água que envolve meu corpo,
fria como a morte que busco,
ao mesmo tempo acalenta essa dor
a dor de não poder mais Ser
O tempo me chegou...
essa é a hora
Preciso ir-me, sem mais demora
Da vida já sorvi o último gole
e o gosto era amargo como fel
Não lamentem minha partida
Foi bem pensada e sentida
O que da vida obtive foi o que pude
No mais, nada me ilude.

                                    A     APRENDIZ
A dor já não me incomoda como antes. Num processo de maturação não se pode ter a ilusão de que no mundo só existam flores.

Afinal, até as mais belas e perfumosas tem espinhos. Em todo caminho existem pedras, Drummond já o dizia:

  O importante é o que se faz com elas. Se leva uma topada e se xinga ou compreende que se ela estava ali devia haver um motivo.
 A pedra é como um entrave em nossa vida que devemos estudar se temos condições de ultrapassá-la e, se ainda não temos, desenvolvermos essa capacidade.
O ser inanimada é ela, não nós. A nós cabe o movimento de mudança, de superação de nossos próprios limites.


O GRANDE APRENDIZADO
Ou vamos fazer como a pedra e os deixar rolar de cá pra lá, de lá prá cá, sem nenhuma reação.
 A dor faz parte da vida de cada um e com ela temos que extrair um aprendizado e não, simplesmente, maldizê-la.
 Tudo é uma oportunidade de crescimento, se nos mantivermos sempre atentos ao que acontece à nossa volta. 
 Quanto podemos aprender com os animais e com as plantas?  O quanto tem a nos ensinar aquela criança que nos sorri? O que podemos compreender com o mendigo na rua? o que temos a aprender com aquela pessoa que passa fome e ainda assim sorri?
Quantas pessoas podem nos ensinar muito numa simples troca de palavras ou num pequeno gesto? Será que estamos preparados para enxergar esses sinais ou vivemos tão encimesmados dentro de nosso próprio casulo que sequer notamos a que se passa a nossa volta?  Não, não tenho pena de mim mesma. Tudo o que passo faz parte do meu caminho, da minha escolha, certa ou errada.
 Tenho o livre arbítrio.Sou responsável pela minha vida e assumo isso. Tenho um corpo e uma alma . Esse corpo, bonito ou feio é roupa que me reveste a alma.
 Ele é perecível, sofre desgastes com o tempo: inevitável. Tenho que cuidá-lo para que seja o mais saudável possível. Mas a minha alma, essa é eterna  e imortal.
Tenho que me preocupar com a sua elevação, com o seu aprimoramento, para que cada vez ela se torne mais pura. Até que um dia eu não precise mais dessa veste, desse corpo, pois a alma estará liberta para habitar em planos superiores, fora da matéria.
Estamos aqui para aprender e resgatar nossos erros do passado. Esse planeta existe com esse fim. Procuremos fazer o nosso melhor sempre, ajudando, inclusive à queles que ainda não compreendem o planeta Terra como uma mera passagem pra outras dimensões mais evoluídas.


A DIFÍCIL HORA DO ADEUS
- Oi, você já vai?
- Acho melhor, agora que tudo está resolvido.
- Pode levar os livros de Fernando Pessoa, se quiser.
- Sei que você também gosta deles. Pode ficar.
- Você vai ficar bem?
- Sim, claro, dá-se um jeito...
- Será que poderia ser diferente?
- Não sei. Só sabemos que não foi e agora...
- Para onde você vai?
- Eu me viro. Não se preocupe.
- Está levando tudo que precisa?
- "O que mais preciso tenho que deixar", ele pensou.
- "Gostaria que você não fosse embora. Por quê tem que doer tanto?", pensa ela, por sua vez.

    E o silêncio se fez entre ambos. Por não quererem revelar os verdadeiros sentimentos que ainda pulsam e teimam em machucar.  Mas nenhum dos  dois tem coragem de falar o que realmente sentem. Decidiram pela separação e sentem que tem que levá-la adiante a qualquer custo. Racionalizam que será melhor para os dois porque não estava dando certo. Ah, mas tiveram momentos tão lindos! Estes ficarão na lembrança. Atormentando a dor da saudade, o frio da ausência.  O que fazer quando o amor ainda existe, mas não há mais entendimento, não há  mais possibilidade de convivência?

- Bem, você quer ficar coma cópia da chave, caso tenha esquecido algo?
- Acho melhor não. Se der por falta, lhe aviso e venho pegar.
- Desejo que você seja feliz.
- É o que estamos tentando, não? Sermos felizes.
- Sim, claro...
- Então, já vou.
- Abro a porta pra você.

Na porta, se entreolham mais uma vez. Ele olha a sala a sua volta. O lar que viveram todos esses anos e sente a alma apertada. Precisa ir, senão não conterá a lágrima que teima em se formar no cantinho de seus olhos.
( Quem disse que homem não chora?) Ela pensa se há como contê-lo. Como voltarem atrás, mas decide deixá-lo partir. A dor é tão grande que não permite ser expressa.

- Vá com Deus!
- Fique em paz...

E ela fecha rapidamente a porta com as lágrimas rolando sobre sua face, enquanto ele entra no elevador e sente uma faca cravada em seu peito.
Uma dor tão lancinante que jamais poderia imaginar e, indo  contra todos os preconceitos, finalmente chora...